terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Mais uma para esta semana


Por falar em Chick Corea, temos naturalmente de apresentar também aqui um músico que também se destaca no cenário do jazz, pela mestria com que toca o contrabaixo. Oriundo de Israel, mais precisamente de Kibbutz Kabri, nasce a 20 de Abril de 1970, um menino que iria ser um compositor, cantor e contrabaixista de referência.

Nem sempre o contrabaixo foi o seu instrumento de eleição, sendo que iniciou os seus estudos na música aos 9 anos com o piano, mas inspirado pelo grande Jaco Pastorius decidiu aos 14 estudar o baixo eléctrico. Apenas anos mais tarde, enquanto tocava na banda do exército, decidiu estudar o contrabaixo... ainda bem que o fez... Mudou-se para Nova Iorque e após tocar em vários projectos de Latin Jazz em vários bares, depois de tocar nas ruas, no metro e em parques, Danilo Pérez (outro excelente pianista) convidou-o para integrar o seu trio.

E em 1996 Avishai Cohen recebeu um telefonema de Chick Corea que o convidou para o seu sexteto Origin e em 2003 deixou o Chick Corea New Trio para criar o Avishai Cohen Trio com Mark Guiliana na bateria e Shai Maestro no piano (outro talento a registar). Para além da experiência que foi tocar com Chick, Cohen tocou com muita gente desde Bobby McFerrin, Herbie Hancock, Alicia Keys, etc.

O registo que aqui vos deixo hoje data de 2006 e foi intitulado pelo New York Times como um "heavy middle eastern groove with a delicate, almost new age lyricism". Chama-se Continuo e é uma mostra de como o ritmo e a repetição podem ser usados com mestria e arte.

Uma excelente gravação com muita inspiração...

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Sugestão da semana

Continuamos na senda dos pianistas e desta feita deixo-vos uma sugestão de outro guru do piano... Nascido a 12 de Junho de 1941, filho de um trompetista, Armando Anthony "Chick" Corea é para além de americano, um compositor e pianista exímio, dono de um génio e ritmo inigualável. Muitas das suas composições são hoje sem margem de dúvida considerados standards de jazz, fruto de uma educação musical que se iniciou aos 4 anos de idade. Aos 8 dedicou-se ao estudo da bateria como instrumento, o que mais tarde viria a explicar o uso do piano como instrumento de percussão.

Sem me alongar muito, pois este senhor também dispensa apresentações, fez parte da banda de Miles Davis atacando literalmente o Fender Rhodes nos 60's e foi pioneiro na fundação e nascimento do movimento de jazz fusão eléctrico. Nos anos 70 fundou o projecto Return to Forever. O registo que aqui deixo é uma referência não só pela qualidade da gravação, que é excelente tendo em conta os anos passados, apesar de já sujeita a processos de remasterização, mas também pela inovação, experimentalismo e musicalidade únicas.

Tem projectos a solo, em registo puramente acústico, eléctrico, electrónico, enfim uma panóplia de música que sem sombra de dúvida irá ficar na história...

My Spanish Heart, data de 1976, e combina a fusão com a musica tradicional latina, quiçá influência do grande Ernest Hemingway, também ele amante da alma espanhola. Está entre os álbuns mais aclamados de Chick Corea, mas este encontra-se apenas entre os restantes 50 Awards que recebeu em toda a sua carreira.

Vale a pena ouvir!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sugestão da semana

Estamos decididamente na semana dos pianistas... Esta semana tive mais um momento revivalista ao revisitar uma gravação das grandes obras de um dos maiores pianistas de todos os tempos... é emocionante ouvir um registo que será sem dúvida conhecido por muitos... Nascido a 8 de Maio de 1945 em Allentown, Pennsylvania, o pianista/ compositor americano que destaco, de ascendência húngaro-escocesa, é uma autoridade quer no jazz que na música classica, vulgo erúdita. Poucos conhecem esta faceta do músico mas o sax soprano e a bateria são também alguns dos seus instrumentos.

Deu o seu primeiro recital de piano aos 7 anos, que incluia já obras de Mozart, Bach e Beethoven. Na sua adolescência, cedo descobriu o jazz, e à medida que o seu interesse pelo jazz contemporaneo crescia, Dave Brubeck tornou-se uma referência. Em 1963 acabou a sua formação na Emmaus High School e mudou-se para Boston, para a Berklee College of Music. Após um ano de se ter mudado para Nova Iorque, Art Blakey contratou-o para tocar com os Jazz Messengers. Mais tarde com DeJohnette participou no Charles Lloyd Quartet e em 1969 começou a era Miles Davis...

Como Chick Corea ocupava o Fender Rhodes, Keith Jarrett tinha apenas um lugar disponivel, i.e., no orgão, e o concerto da Isle of Wight em 1970 mostra bem o seu génio na fusão e no experimentalismo, fruto de uma corrente de pensamento que a sociedade e a música viviam na altura... Muito se poderia dizer não só de Keith Jarrett, mas também da sua discografia, do seu feitio com rasgos de primadona... mas a sua genialidade ultrapassa quaisquer barreiras e permite ao ouvinte literalmente viajar para outra parte do universo... tem trabalhos a solo, em trio, jazz, clássica, you name it!

Mestre da improvisação, com uma destreza inconfundível e sem igual, o registo que deixo como sugestão condensa muito do génio que reside na mente e nos dedos de um dos maiores prodígios de sempre do jazz e da música em geral... apesar dos anos, The Koln Concert, é uma boa gravação da ECM, mas essencialmente é um registo, uma captação de um dos melhores momentos musicais da história...

Este discurso musical a solo é para ser ouvido do principio até ao fim. Sem palavras!
Volto a dizer emocionante!

Apenas como curiosidade fica aqui um excerto do concerto da Isle of Wight que faz parte de um documentário sobre, the one and only Miles Davis, onde todos os que privaram e que tiveram o privilégio de tocar com ele tecem algumas considerações, sobre a experiência que foi aprender com Miles...


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Segunda sugestão musical de 2011

Esta semana trago-vos uma escolha musical no mínimo diferente das que até então vos tenho apresentado, até porque para variar, a vida não é só Jazz Fusão... O artista em audição esta semana entrou-me ontem pela casa dentro e confesso que tendo poucas ou nenhumas referências deste género musical, estou verdadeiramente surpreendido com a singularidade deste, até então, desconhecido interprete.

O interprete em questão, de nome Iarla Ó Lionáird, nascido em Cuil Aodha (um pequeno enclave irlandês no West Cork) no ano de 1964 é um cantor/ produtor irlandês e encontra-se envolvido no movimento Afro Celta Sound System; projecto que pretende a fusão entre a musica moderna de dança como o trip-hop, techno, etc., com a musica tradicional irlandesa (Celta) e com a musica do oeste africano. Este projecto de estilo categorizado algures na gaveta do World Music, tem a grande particularidade de ter todos os seus álbuns editados na Real World Records pertença de um grande senhor da musica, Peter Gabriel.

A título de curiosidade o patriota Padraig Pearse chamou ao lugar onde este interprete nasceu, Cuil Aodha - "the capital of Gaeldom - where every rock conceals a poet's grave", visto que o canto faz parte da sua herança cultural. Cantar é a forma dominante de expressão, tal como a fiddle music está para County Clare.

Iarla Ó Lionárd é um dos mais proeminentes cantores da tradição Sean Nós (Irlandês para estilo antigo) e lançou 3 álbuns a solo, também eles gravados nos Real World Studios. O trabalho que vos apresento é o seu terceiro álbum, denominado Invisible Fields que data de 2005, e que foi considerado o Melhor Álbum Folk pelo Irish Times em 2006. Curiosamente Iarla canta no álbum de Peter Gabriel - OVO.

Uma gravação irrepreensível dos Real World Studios, quer a nível sónico quer a nível musical.
Um must have!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Primeira Sugestão musical para 2011

Mudam-se os tempos mudam-se as vontades e o IVA... mas a verdade é que a música continuará sempre a fazer-nos companhia... com isto em mente é justo apresentar aqui um senhor, que tal como alguns dos aqui presentes, dispensa quaisquer apresentações. Nascido a 1 de Outubro de 1946 em Wolverhampton, Dave Holland é um dos maiores living double bass players ever!

De ascendência britânica, vive no Estados Unidos da América há mais de 4 décadas e para além de brilhante contrabaixista e compositor, tem também a sua própria editora denominada Dare2.

Escusado será dizer que literlamente tocou com TODA a gente no planeta, mas em especial com um grande senhor da música ( ele dizia que não tocava jazz... go figure) chamado Miles Davis.

Abandonou os estudos aos 15 anos de idade para se dedicar à música e rapidamente gravitou para o jazz, tendo como influencia o grande Charles Mingus e Jimmy Garrison. Apenas a título de curiosidade, Miles Davis e Philly Joe Jones ouviram Holland no Ronnie Scott's a tocar num combo de Bill Evans Trio. Jones disse a Holland que Miles queria que ele se juntasse à sua banda para substituir Ron Carter, outro grande nome do contrabaixo e do jazz.

No entanto, Miles havia deixado o UK e Holland não tinha como o contactar, mas passadas 2 semanas deste encontro frugal, Miles deu um prazo de 3 dias a Holland para se por num avião pois havia um gig no club de Count Basie em Nova York. Chegou à Big Apple na noite anterior ao espectáculo, para se juntar a Jack DeJohnette que já conhecia e no dia seguinte Herbie Hancock levou-o ao dito clube. Assim começaram os 2 anos com Miles.

Muito mais haveria para dizer deste grande senhor, dono de um ritmo e musicalidade imcomparáveis, mas é preferivél deixar a música falar por si. Neste trabalho que vos apresento, Dave Holland explora completamente o âmbito da Big Band, aliada a uma qualidade sonora própria das gravações da ECM.

Disfrutem e bom 2011!